Fred Kofman

Fred Kofman � o fundador e presidente da "Leading Learning Communities", uma organiza��o de consultoria. Ele � PhD em Economia pela "University of California at Berkeley" e foi professor de Sistemas de Controle e Gerenciamento Cont�bil da "Sloan School of Management" do "Massachusetts Institute of Technology (MIT)". � um dos membros fundadores do "Center for Organizational Learning at MIT" de Peter Senge e membro da Divis�o de Neg�cios do "Integral Institute".
Nota: Embora o material b�sico para este artigo seja proveniente das minhas conversas com Ken Wilber, as id�ias aqui apresentadas n�o representam necessariamente sua posi��o. Tento, meramente, apresentar meu entendimento e reflex�es sobre seu modelo. (Para conhecer sua perspectiva pr�pria a respeito dos t�picos seguintes, o leitor poder� ler sua entrevista a Shambhala, que se encontra no site http://wilber.shambhala.com. Quero salientar a grande generosidade e paci�ncia de Wilber. Ele gastou muitas horas esclarecendo-me os meandros de seu pensamento. Explorar a admir�vel arquitetura da filosofia integral, iluminada pelo cora��o e mente de uma de suas mais brilhantes luzes, foi maravilhoso e, ao mesmo tempo, um convite � humildade.

H�lons, Montes e Artefatos

(E suas hierarquias correspondentes)

Fred Kofman

A fim de entender o significado de todo/parte no modelo de Wilber, � fundamental distinguir quatro tipos de entidades: h�lons individuais, h�lons sociais, artefatos e montes. De acordo com Wilber, a rela��o parte/todo e a hierarquia de transcend�ncia e inclus�o progressivas significam coisas diferentes para cada uma destas entidades e apresentam correla��o diferente com o tamanho f�sico. Wilber exp�s essas id�ias em v�rios lugares (por exemplo, em Sex, Ecology, Spirituality [SES] e Integral Psychology), mas n�o as organizou num texto �nico. A mais completa discuss�o de Wilber sobre montes, artefatos e h�lons ocorreu durante os di�logos que culminaram neste artigo (e na entrevista a Shambhala, acima citada). Meu objetivo � articular suas id�ias e derivar algumas das suas implica��es.

Espero tamb�m corrigir alguns dos erros mais comuns que muitos leitores da teoria de Wilber tendem a cometer. As distin��es entre h�lons individuais, h�lons sociais, artefatos e montes s�o sutis, embora fundamentais. Igualmente significativas s�o as diferen�as entre hierarquias de cada uma dessas entidades. � f�cil que passem desapercebidas; e perigoso.

Um h�lon � uma entidade que pode ser vista como um todo em si mesma e, simultaneamente, como uma parte de um todo maior. Em SES, Wilber n�o faz uma distin��o precisa entre h�lons sencientes e n�o-sencientes. Os primeiros (tais como �tomos, mol�culas, c�lulas, etc. e gal�xias, planetas, ecossistemas, tribos, etc.) s�o o que ele chama simplesmente de "h�lons"; os �ltimos (aos quais n�o se refere especificamente em SES) chama de "artefatos" (formigueiros, teias de aranha, autom�veis) e de "montes" (pedras, po�as, dunas). Em SES, Wilber focaliza simplesmente as rela��es parte/todo e a natureza transcende-mas-inclui das hierarquias; da�, a sua restri��o impl�cita do termo h�lon, para h�lons sencientes, ter gerado alguma confus�o.


Figura 1 H�lons Sencientes e N�o-Sencientes

Na p�gina 36 daquele livro, por exemplo, Wilber afirma que conjuntos s�o "h�lons matem�ticos ordenados numa hierarquia transfinita, uma holarquia infinita." Em outra parte, ele tamb�m usa a hierarquia da letra, palavra, frase, par�grafo e texto como um exemplo hol�nico de transcende-mas-inclui. Essas ilustra��es s�o exemplos de hierarquias de h�lons n�o-sencientes, mas os termos "h�lon" e "holarquia" n�o s�o usados rigorosamente. (Pela pr�pria defini��o de Wilber, conjuntos, letras, palavras, frases e outros objetos ling��sticos n�o s�o h�lons sencientes e sim artefatos). Embora ele tenha esclarecido suas defini��es de h�lons e holarquias em outras partes do livro, muitas pessoas entenderam mal e aplicaram incorretamente esses conceitos. Isto n�o � recomend�vel, uma vez que pode levar a grandes confus�es e a perigosas id�ias �ticas � id�ias que t�m implica��es sociais verdadeiramente assustadoras.

Al�m disso, o primeiro dos vinte postulados de Wilber, usualmente, leva as pessoas a uma conclus�o injustific�vel. O postulado afirma que "A Realidade como um todo n�o � composta de coisas ou processos, mas sim de h�lons." A infer�ncia incorreta � que cada coisa que existe na Realidade � um h�lon. N�o � este o caso; ou, pelo menos, n�o � o que Wilber tenta transmitir. H� muitas coisas, tais como montes e artefatos, que n�o s�o h�lons (sencientes). Essas coisas podem estar embutidas em redes de rela��es todo/parte; as inclus�es hier�rquicas significam algo totalmente diferente para montes, para artefatos e para h�lons. Veremos que h�lon n�o � algo que pode ser simplesmente entendido, simultaneamente, como um todo em si mesmo e como uma parte de um todo maior. (Talvez a interpreta��o incorreta do primeiro postulado provenha do entendimento de que qualquer coisa possa ser vista como um todo e como parte de um todo maior.) Embora esta seja uma condi��o necess�ria, n�o � suficiente. De acordo com a defini��o de Wilber, um h�lon (isto �, um h�lon senciente), al�m de ser todo e parte, deve possuir interioridade ou consci�ncia.

Muitas pessoas confundem diferentes tipos de h�lons e criam hierarquias que os misturam, com conseq��ncias "confusas e desagrad�veis" � como Wilber adverte na p�gina 89 de SES. Por exemplo, podemos pensar em partes e todos meramente em termos f�sicos ou de inclus�o relacional, podemos ver h�lons individuais como juniores de um h�lon social, sujeitos a sua autoridade ilimitada, ou podemos, sutilmente, cair na atitude reducionista de igualar um h�lon a suas superf�cies exteriores, negando-lhe sua dimens�o interior. (Para uma discuss�o mais detalhada vide SES, p�gina 90.) Quando a consci�ncia sai de cena, o sistema integral colapsa e transforma-se numa farsa de si mesmo.

Mesmo restringindo a an�lise aos h�lons sencientes, h� uma confus�o muito difundida entre os leitores de Wilber sobre a diferen�a entre h�lons individuais e sociais. Estes s�o dois tipos fundamentalmente diferentes de h�lons e necessitam ser mantidos separados para evitar confus�o. Quando as pessoas fundem esses dois h�lons e definem (pseudo) holarquias tais como "indiv�duo, fam�lia, comunidade, na��o, humanidade", incorrem num erro com s�rias conseq��ncias filos�ficas e pr�ticas.

Quatro Tipos de Entidades

Wilber distingue no Kosmos[1] quatro tipos de entidades b�sicas: h�lons individuais, h�lons sociais, artefatos e montes. (H� tipos adicionais como os h�bridos � bact�rias criadas pela bio-engenharia e subprodutos como as secre��es animais � que n�o analisaremos aqui.) A rela��o parte/todo para cada uma dessas entidades significa algo completamente diferente e a hierarquia de inclus�o sucessiva tamb�m significa algo completamente diferente.

Um h�lon � uma entidade qu�drupla com uma dimens�o interior (intens�o, consci�ncia, subjetividade) e uma exterior (extens�o, forma-mat�ria, objetividade) num n�vel individual (localizado) e num social (coletivo). Com base nesses diferentes n�veis, h� dois tipos de h�lons: h�lons individuais e h�lons sociais. Um h�lon total ou "s�nior" (tamb�m chamado de "sistema hol�nico") � uma unidade composta que transcende e inclui suas partes ("elementos" ou h�lons "juniores"). Por exemplo, uma mol�cula transcende e inclui seus �tomos; um ser humano transcende e inclui o ser reptiliano. Enquanto h�lons possuem interioridade ou algum grau de preens�o e consci�ncia (subjetiva e intersubjetiva), montes e artefatos n�o o possuem

Um artefato � uma entidade criada por um h�lon; seu padr�o deriva-se da a��o do h�lon. Um artefato total (ou "sistema artificial") inclui e organiza (num modo f�sico, conceitual ou espiritual) suas partes (ou "componentes"). Por exemplo, um sistema est�reo inclui e organiza o CD player, o tape-deck, o r�dio, o amplificador e os alto-falantes; uma geometria inclui e organiza seus axiomas, postulados, teoremas e corol�rios; uma mitologia inclui e organiza seus mitos, par�bolas, vis�es, imperativos �ticos, etc. Essas tr�s categorias de inclus�o referem-se aos dom�nios da carne, da mente e do esp�rito. H� artefatos f�sicos que podem ser vistos com o olho da carne, artefatos conceituais que podem ser vistos com o olho da mente e artefatos espirituais que podem ser vistos com o olho do esp�rito.

Um artefato pode ser criado direta ou indiretamente por um h�lon. Por exemplo, uma pessoa pode criar uma m�quina que fabricar� outros produtos; isto �, uma linha de montagem robotizada � um artefato que produz outros artefatos. Entretanto, a estrutura e a fun��o desses �ltimos artefatos s�o tamb�m determinadas pela consci�ncia do h�lon que criou o primeiro.

Um monte � uma pilha aleat�ria de coisas. Por exemplo, um monte de areia consiste de gr�os de areia e um monte de roupas � simplesmente uma pilha de roupas sem ordem ou organiza��o. O monte total ou "pilha" � composto de partes que chamamos de "aspectos", "facetas" ou, simplesmente "coisas".

Para designar hierarquias dessas diferentes entidades, usaremos diferentes nomes: "holarquia" para h�lons, "artefatarquia" para artefatos e "montarquia" para montes. Confundir holarquias com artefatarquias ou com montarquias cria alguns s�rios problemas, uma vez que o conceito de "inclus�o" significa coisas diferentes para cada uma delas. O h�lon s�nior transcende e preserva (de um modo subordinado) o h�lon j�nior. O sistema artificial � uma integra��o de seus componentes de acordo com um padr�o estabelecido externamente. O monte � uma pura agrega��o de coisas.

Al�m de distinguir h�lons de artefatos e de montes, � importante esclarecer a distin��o entre h�lons individuais e sociais, e entender suas rela��es. Um h�lon individual � um "membro" de um h�lon social e n�o uma parte (elemento constitutivo ou j�nior) dele. O h�lon social � o espa�o relacional que cont�m os padr�es de organiza��o nos quais os h�lons individuais encontram uma filia��o comum. O h�lon social � o desenvolvimento (s�nior) de outro h�lon social (predecessor ou j�nior) e n�o de um h�lon individual. Expandiremos este conceito mais tarde, mas, por agora, digamos simplesmente que os h�lons individuais n�o s�o elementos constitutivos de um h�lon social; eles s�o membros. Por exemplo, uma manada de elefantes n�o � um s�nior dos elefantes individuais que a comp�em. A manada pode ser considerada s�nior de uma manada de mamutes (do mesmo modo que elefantes individuais podem ser considerados uma evolu��o dos mamutes), mas cada elefante � um membro da manada (n�o um elemento constitutivo ou componente hol�nico).

Se confundirmos h�lons, montes e artefatos, poderemos come�ar a construir "holarquias" (incorretas), indo de tijolo para parede, para quarto, para apartamento, para edif�cio, simplesmente porque um tijolo � parte de uma parede, uma parede � parte de um quarto, um quarto � parte de um apartamento e um apartamento � parte de um edif�cio. Existe, realmente, uma rela��o de inclus�o assim�trica entre esses elementos (um tijolo � parte de uma parede mas uma parede n�o � parte de um tijolo), mas isto n�o � uma holarquia. Embora haja partes e todos, o tijolo, a parede, o quarto, o apartamento, o edif�cio e mesmo a cidade inteira n�o s�o h�lons;. eles s�o "artefatos", uma vez que n�o possuem interiores com consci�ncia. Assim, esta � uma hierarquia de artefatos, uma artefatarquia. A chave � lembrarmos que h�lons possuem interioridade, artefatos n�o.

Outro perigo � que o abra�o integral possa reduzir-se a uma absor��o f�sica e a evolu��o, a um crescimento em tamanho. Por exemplo, um �tomo � "parte" de uma pedra, mas a pedra n�o � um h�lon s�nior do �tomo. A pedra � um monte; assim, usando nossa terminologia, devemos dizer que o �tomo � uma faceta da pedra. Quando a distin��o entre h�lons e montes � perdida, tamanho substitui organiza��o como a "dire��o de ascens�o". A conseq��ncia � que o ponto �mega simplesmente se transforma no maior de todos os montes e a Natureza Divina � reduzida ao deus da exterioridade:[2] "O Sistema". (Obviamente, esta redu��o s� acontece em nossas mentes confusas; a verdadeira Natureza Divina � totalmente inatingida pelos erros conceituais de suas pr�prias manifesta��es.)

Do mesmo modo, ao criar uma pseudo-holarquia tal como homem + computador = esta��o de trabalho, obscurecemos a distin��o entre um homem (h�lon) e um computador (artefato). Isto tem um sutil efeito desumanizador, uma vez que a pessoa "perde" sua interioridade e transforma-se numa "engrenagem da m�quina", identificando-se com um artefato, um subsistema (descart�vel) cuja intencionalidade � impressa de fora por um supersistema. Essas implica��es s�o representadas artisticamente na cena em que Charles Chaplin � "engolido" pela m�quina em "Tempos Modernos". As implica��es pol�ticas e sociais s�o refletidas na ra�a "Borg" de "Jornada nas Estrelas" e nas infernais "baterias humanas" de "Matrix".

Conseq��ncias desumanizadoras tamb�m resultam da combina��o de h�lons individuais e sociais numa mesma hierarquia. Como dissemos acima, um indiv�duo � um membro de uma equipe, mas um indiv�duo n�o � um elemento constitutivo da equipe. O perigo de considerar-se um ser humano como um h�lon j�nior, que � transcendido e inclu�do pelo grupo, � que isto abre a porta para um controle centralizado que pode, legitimamente, eliminar qualquer indiv�duo que n�o seja adequado ao prop�sito do grupo. O abuso � feroz quando o bem do todo (social) supera completamente o bem do indiv�duo (membro). Mas este � exatamente o caso de uma holarquia bem comportada onde o bem do todo (indiv�duo composto) supera o bem do indiv�duo (parte ou elemento). Uma pessoa (vista como um todo) pode agir sobre partes do seu corpo (elementos) sem se importar com supostos "direitos" desses elementos constitutivos. Por exemplo, podemos tirar sangue para um exame (matando as c�lulas sang��neas), tomar um antibi�tico (matando boa parte da flora intestinal) ou remover cirurgicamente um tecido canceroso.

Quando se extrapola esse modelo para uma sociedade, outorga-se ao poder central autoridade para eliminar quaisquer dos seus (erroneamente considerados) "elementos constitutivos" sempre que desejar, sem nenhuma preocupa��o com seus direitos individuais. As conseq��ncias dessa confus�o s�o s�rias. Imagine uma pseudo-holarquia do tipo indiv�duo � estado. Conforme esta suposta rela��o de "transcende-e-inclui", o indiv�duo � um h�lon j�nior do estado. O h�lon s�nior, implicitamente sendo mais "consciente", tem o poder de impor sua organiza��o ao j�nior � do mesmo modo que uma pessoa tem o poder de impor sua vontade a seu bra�o. Isto passa a justificar qualquer tipo de regime repressor.

De acordo com os princ�pios republicanos, foi delegado poder ao governo pelos indiv�duos (seus membros, n�o seus elementos) para defender o bem comum. Em certas circunst�ncias, o estado pode exercitar esse poder, por exemplo prendendo um indiv�duo que cometeu um crime. Mas numa rep�blica, os direitos do todo s�o moderados e limitados pelos direitos dos indiv�duos. Isto n�o � consistente com o modelo de sociedade como sendo um indiv�duo composto onde seus elementos constitutivos n�o t�m direitos. Exemplos cl�ssicos desta distor��o grotesca s�o as tentativas dos Nazistas, dos Stalinistas, dos Maoistas e do Khmer Vermelho de "eliminar" certos "elementos" indesej�veis do "corpo social" atrav�s de reeduca��o for�ada (uma viola��o interior), de exterm�nio (uma viola��o exterior) ou da combina��o de ambos.

Quando ditadores tratam suas sociedades como indiv�duos compostos cujos h�lons seniores s�o eles ("L'�tat c'est moi."), a coer��o antiliberal � inevit�vel. Este perigo n�o � evitado pela democracia. O voto majorit�rio pode facilmente transformar-se em abuso minorit�rio quando as escolhas sociais n�o s�o limitadas pelos direitos individuais. O que faz com que os EUA sejam uma rep�blica n�o � o sistema democr�tico de governo representativo, mas sim a Carta de Direitos e sua defesa do indiv�duo contra a invas�o do estado. � muito perigoso ver o grupo como um superorganismo com autoridade sobre seus membros. Os indiv�duos n�o s�o partes, n�o s�o elementos constitutivos do grupo; s�o membros. Indiv�duos possuem direitos que elementos de um organismo n�o possuem. Repetindo mais uma vez, o indiv�duo � um membro de uma equipe, n�o uma parte de um organismo chamado de equipe. O indiv�duo n�o � um h�lon j�nior de uma equipe.

Defini��es Ampliadas

H�lons individuais s�o entidades que apresentam a��o e interioridade ou consci�ncia localizadas� al�m de exterioridade unificada. (Se a interioridade n�o fosse localizada ou a exterioridade n�o fosse unificada, estar�amos falando de h�lons coletivos ou macros ao inv�s de h�lons individuais ou micros).

Toda holarquia � composta de h�lons, cada um deles, simultaneamente, uma parte e um todo. Como parte, chamamos o h�lon de "j�nior" ou de "elemento constitutivo"; outros nomes que podemos usar s�o "primitivo" ou "raiz". Como todo, chamamos o h�lon de "s�nior" ou de "sistema hol�nico"; outros nomes que podemos usar s�o "evolu��o" ou "desenvolvimento". Por exemplo, �tomos s�o "primitivos" da mol�cula e a mol�cula � uma "evolu��o" dos �tomos. Esta inclus�o hol�nica refere-se � emerg�ncia criativa de componentes org�nicos, em contraste com a composi��o natural ou artificial de �tomos em estruturas maiores, mas ainda inorg�nicas (montes ou artefatos). Como diria Whitehead, quando a criatividade tende a zero tem-se a causalidade estrita. A criatividade desequilibra, tornando a parte que "transcende" mais importante que a parte "preservada". Assim emerge o novo h�lon. Whithehead afirma que, para explicar o Universo, necessitamos de tr�s conceitos fundamentais: um, muito, criatividade. O Kosmos de Wilber pode ser explicado com apenas dois: h�lon, criatividade.

Exemplos de h�lons individuais s�o os encontrados nos dois quadrantes superiores do diagrama TQTN (todos os quadrantes � todos os n�veis) de SES:[3] preens�o/�tomos, irritabilidade/mol�culas, etc. (Na verdade, o modelo de Wilber �: todos os quadrantes, todos os n�veis, todas as linhas, todos os estados e todos os tipos; estou focalizando aqui apenas o par quadrante � n�vel.) � importante notar que cada h�lon possui tanto uma dimens�o interior quanto uma exterior: preens�o � a vista interior e �tomo � a vista exterior do "mesmo" h�lon. Outros exemplos s�o os memes[4] de Spiral Dynamics (com seus correspondentes padr�es neuroniais). Nessa teoria, o meme laranja � um h�lon s�nior que transcende e inclui o meme azul. Outro exemplo � a natureza hol�rquica do tempo. Cada h�lon, num instante particular, � um h�lon j�nior de si mesmo no instante seguinte: isto � o mesmo que dizer que, ao longo do tempo, um h�lon evolui integrando e transcendendo a si mesmo continuamente. O todo "este momento" � uma parte do todo "pr�ximo momento". Como diria Whitehead, cada momento envolve seus predecessores.

H�lons sociais

H�lons sociais s�o grupos de h�lons individuais que t�m um padr�o de intera��o. H�lons sociais n�o possuem interioridade ou consci�ncia localizada; apresentam intersubjetividade ou consci�ncia n�o-localizada. H�lons sociais n�o t�m exterioridade unificada. S�o compostos por uma pluralidade de h�lons individuais e artefatos. Por exemplo, um formigueiro (como h�lon social) � formado por formigas (h�lons individuais) e pela estrutura f�sica do formigueiro (artefato). Uma empresa (como h�lon social) � composta de indiv�duos (no n�vel de consci�ncia conveniente) pertencentes a ela mais os sistemas de produ��o, gerenciamento, informa��o e outros (artefatos), que ap�iam as rela��es entre os indiv�duos.

Um h�lon social (todo) n�o � uma "evolu��o" s�nior que transcende e inclui o h�lon individual filiado a ele. Um grupo n�o transcende e inclui seus membros (transcende e inclui seus h�lons juniores, os predecessores ou primitivos do grupo). Sob a perspectiva do lado direito[5], um grupo � um reposit�rio de tipos de entidades individuais � suas partes s�o seus membros; sob a perspectiva do lado esquerdo, um grupo � um espa�o intersubjetivo de significados comuns compartilhados por seus membros. Mas o grupo n�o � (sob nenhuma perspectiva) um degrau progressivo numa holarquia de indiv�duos, porque h�lons individuais e sociais n�o s�o n�veis inferiores ou superiores da mesma hierarquia. Eles s�o aspectos correlatos de qualquer h�lon em qualquer n�vel da hierarquia. Um h�lon individual � um membro de um h�lon social, n�o um elemento constitutivo e nem um componente.

Ser um membro participante de uma sociedade � diferente de ser um componente descart�vel de um sistema. Sem este conceito, n�o h� como parar o avan�o do totalitarismo. O grupo � um s�nior hol�rquico do n�vel j�nior de regras e significados intersubjetivos que governam os comportamentos e intera��es de seus membros. Por exemplo, uma rep�blica democr�tica pluralista (laranja-verde) est� "acima" (numa holarquia desenvolvimentista) de uma teocracia (azul), no sentido que a rep�blica inclui e transcende os padr�es da teocracia.

Na p�gina 81 de SES, Wilber critica a holarquia t�pica que vai do sistema nervoso para a pessoa, para a fam�lia, para a comunidade, para a sociedade, para a biosfera: "Notamos imediatamente que h� uma fus�o e confus�o de h�lons individuais e sociais. Isto �, os mundos micro e macro s�o confundidos. Considera-se o h�lon social como sendo do mesmo tipo e da mesma natureza que o h�lon individual composto, de modo que eles podem ser arrumados "acima" ou "abaixo" um do outro. ... Isto est� completamente errado." Embora haja alguns s�rios problemas no ordenamento dessa hierarquia ("a biosfera � um n�vel mais baixo e mais superficial"), o problema crucial � ainda pior. "O ecossitema (ou "popula��o total") n�o � um n�vel particular dentre outros n�veis da holarquia individual, mas o ambiente social de cada um e de todos os n�veis de individualidade na biosfera. E [a hierarquia anterior] n�o faz distin��o entre micro e macro (ou individual e social) de qualquer n�vel; ambos s�o tratados como n�veis separados da mesma escala. ... Em outras palavras, o individual e o social n�o s�o duas diferentes moedas, uma valendo mais do que a outra, mas sim a cara e a coroa da mesma moeda para cada n�vel da escala. Eles s�o dois aspectos da mesma coisa, n�o duas coisas (ou n�veis) fundamentalmente diferentes. Assim, � necess�rio construir uma s�rie de holarquias verdadeiras de indiv�duos compostos e, ent�o, indicar, para o mesmo n�vel de organiza��o, o tipo de ambiente (ou h�lon social) no qual o h�lon individual � participante [membro] (e de cuja exist�ncia o h�lon individual depende). E isto precisa ser feito em todos os tr�s grandes dom�nios da evolu��o � fisiosfera, biosfera e noosfera." (SES 83-84)

Um h�lon s�nior transcende e inclui seus h�lons individuais juniores ou primitivos. Um h�lon social filia (proporciona um espa�o de relacionamento para) seus membros, h�lons individuais, enquanto, ao mesmo tempo, transcende e inclui seu h�lon coletivo j�nior ou primitivo. Por exemplo, um grupo operando num certo n�vel de consci�ncia (digamos, laranja) congrega seus membros (laranja); ao mesmo tempo, transcende e inclui o modo relacional azul que congregaria os membros do n�vel de consci�ncia azul. Concomitantemente, cada membro (h�lon individual) no n�vel laranja transcende e inclui o n�vel de consci�ncia azul do qual ele ou ela evolveu.

Entretanto, falando mais precisamente, n�o existem essas "coisas" distintas de h�lons individuais e sociais. H� somente h�lons, que t�m "quatro faces" correspondendo aos quatro quadrantes. O individual interior (quadrante superior esquerdo) ilumina o aspecto localizado subjetivo, consciente ou intencional do h�lon. O individual exterior (quadrante superior direito) ilumina o aspecto localizado objetivo, material, comportamental e extensivo do h�lon. O coletivo interior (quadrante inferior esquerdo) ilumina o aspecto n�o-localizado, intersubjetivo, cultural do h�lon. E o coletivo exterior (quadrante inferior direito) ilumina o aspecto n�o-localizado social, sist�mico e organizacional do h�lon. A "natureza" do h�lon � qu�drupla; da� por que cada n�vel de consci�ncia manifesta-se nas quatro dimens�es ou aspectos.

Quest�es de Tamanho

H�lons sociais seniores transcendem e incluem h�lons sociais juniores. Uma vez que maior profundidade significa menor abrang�ncia, h�lons sociais mais profundos s�o menores do que h�lons sociais juniores. Uma gal�xia evolui de modo a condensar-se em planetas. A organiza��o social da gal�xia condensou-se e foi absorvida pelo planeta, embora o planeta seja menor. H�lons sociais seniores sempre s�o menores do que seus juniores. (Um conjunto de �tomos � muito maior do que um conjunto de mol�culas que, por sua vez, � muito maior do que um conjunto de cristais). Se olharmos para a vida, um conjunto de procariotes � muito menor do que um conjunto de cristais. Usando os memes da espiral evolutiva, podemos ver que um grupo de pessoas que opera no meme azul � maior do que um grupo de pessoas que opera no meme laranja, que, por sua vez, � maior do que um grupo de pessoas que opera no meme verde. Isto � an�logo a dizer-se que sempre h� mais alunos que conclu�ram o curso prim�rio do que aqueles que conclu�ram o secund�rio, o que � �bvio, uma vez que todos os que se formaram no secund�rio devem, primeiramente, ter se formado no prim�rio, enquanto que nem todos os alunos que conclu�ram o prim�rio (j�) terminaram o secund�rio.

Quando as pessoas tentam ordenar hierarquias sociais baseando-se no tamanho (maior = mais inclusivo = mais desenvolvido), elas seguem exatamente a dire��o errada. Maior tamanho significa maior abrang�ncia e, portanto, menor desenvolvimento. A raz�o dessa confus�o � que o exterior de h�lons individuais, artefatos e montes segue a tend�ncia oposta. O tamanho maior do exterior de um h�lon individual significa que ele � capaz de transcender e incluir mais elementos constitutivos � uma mol�cula � maior do que um �tomo. O maior tamanho de um artefato significa que seu padr�o integra mais componentes (cada um deles menor do que o sistema artificial como um todo) � um computador (com um disco r�gido) � maior do que o disco r�gido. O maior tamanho de um monte significa que tem mais coisas nele � uma pilha de pedras � maior do que cada pedra.

Entretanto, a evolu��o de h�lons individuais n�o pode ser identificada pelo crescimento em tamanho. Isto desconsideraria a dimens�o interior. O n�vel de consci�ncia do indiv�duo engloba seus predecessores, tornando-se mais e mais abrangente sem ficar "maior". (Tamanho n�o � uma medida apropriada para entidades imateriais; pode-se medir o tamanho do c�rebro, mas n�o o tamanho de uma id�ia.) Por exemplo, n�o � necess�rio que um indiv�duo cres�a em tamanho para saltar da consci�ncia de primeira-camada (verde) para a consci�ncia de segunda-camada (amarelo).[6] Nem se precisa ficar "maior" para mover-se do n�vel egoc�ntrico para o globoc�ntrico, ou para expandir as habilidades concreto-operacionais para formal-operacionais.

Olhando para a evolu��o do quadrante superior esquerdo, podemos notar que o n�mero de indiv�duos em cada est�gio � menor (tamanho), mas a interioridade de cada est�gio (abrang�ncia) � maior. Por outro lado, no quadrante superior direito, cada h�lon individual sucessivo geralmente � maior (mais complexo) porque engloba fisicamente seus predecessores. (Embora os seres humanos sejam menores do que os dinossauros, o sistema nervoso de um dinossauro � menor do que o de um ser humano.) No quadrante inferior direito, um grupo de h�lons mais elevados tende a ser menor do que um grupo de h�lons mais baixo. No quadrante inferior esquerdo, uma cultura mais desenvolvida ser� mais complexa e integrativa, mas ter� menos membros � porque o n�mero de h�lons individuais que atinge est�gios mais elevados � menor.

(Esta redu��o no n�mero de membros em evolu��o � meramente uma observa��o emp�rica, n�o uma necessidade te�rica. Quando uma pessoa nasce, vem com o potencial para chegar ao topo do continuum evolucionista; n�o existe nenhum limite externo para atingir a consci�ncia n�o-dual. A realidade � que as pessoas desistem, porque � mais dif�cil atingir-se maior profundidade. Qualquer um pode chegar a qualquer n�vel, mas o fato � que o n�mero de pessoas que se prop�e a fazer o necess�rio para atingir n�veis cada vez mais elevados vai se tornando menor e menor.)

Uma vez que artefatos n�o possuem interioridade, h� somente um crescimento do tamanho � medida que o artefato engloba mais componentes. Mas os artefatos possuem um padr�o impresso pela a��o de um h�lon. J� que o h�lon transcende e inclui seus predecessores, podemos dizer que a consci�ncia que criou o artefato (e imprimiu seu padr�o) transcende e inclui suas predecessoras. Assim, faz sentido afirmar que o r�dio transistorizado � evolutivamente superior ao r�dio com v�lvulas, embora este seja maior do que aquele. Entretanto, esta compara��o n�o � estritamente entre os dois r�dios e sim entre as consci�ncias que os criaram.

Misturando H�lons Individuais e Sociais

Devemos ser cuidadosos para n�o misturarmos h�lons individuais e sociais na mesma linha de desenvolvimento. Por exemplo, � uma p�ssima pr�tica considerarmos uma holarquia que v� do indiv�duo (um h�lon individual mal definido) para o grupo (um h�lon coletivo mal definido), para a empresa, para a ind�stria, etc. Mas, infelizmente, esta � a maneira "�bvia" da maioria das pessoas pensar sobre o assunto.

O primeiro problema � que "um indiv�duo" n�o � um h�lon bem definido. Para se definir o h�lon � necess�rio estabelecer seu "n�vel" ou "profundidade" de consci�ncia. Por exemplo, um indiv�duo operando no meme verde � diferente do (mesmo) indiv�duo operando no meme amarelo. Esta no��o err�nea de igualar uma pessoa f�sica a um h�lon � predominante porque as superf�cies "externas" de ambas as entidades s�o indistingu�veis. Isto significa que um observador objetivo ocasional n�o consegue detectar diferen�as no quadrante superior direito. Entretanto, caso conseguisse olhar com absoluta precis�o para as superf�cies "internas" do c�rebro (que ainda s�o partes da dimens�o exterior do h�lon), tais como seus caminhos e padr�es de disparo neuroniais, seus estados eletroqu�micos e suas descargas hormonais, veria, talvez, que eles s�o significativamente diferentes (isto � o que Wilber chama de sf1, sf2, sf3 no quadrante superior direito do diagrama TQTN[7] � de SES). Assim, o "h�lon" (individual) n�o � t�o somente a entidade exterior que chamamos "o indiv�duo", como tamb�m o n�vel interior de consci�ncia incorporado no n�vel exterior de estrutura/fun��o [sf � structure/function] do c�rebro do indiv�duo.

O segundo problema � que "um grupo" tamb�m n�o � um h�lon bem definido. Precisamos definir o n�vel geral (ou centro de gravidade) da consci�ncia intersubjetiva do grupo para identific�-lo com maior precis�o. Isto porque a mesma (aparente) superf�cie externa (isto �, o grupo de seres humanos) pode corresponder a uma multiplicidade de interioridades de um h�lon social.

Para entender isto, lembremo-nos de que um h�lon � definido como possuindo um certo tipo de interioridade ou consci�ncia. Portanto, mesmo que um indiv�duo possa ser visto interagindo (externamente) num grupo com outros indiv�duos, isto n�o significa que todos os indiv�duos perten�am ao mesmo grupo. � poss�vel construir-se cen�rios nos quais, devido a seu n�vel de consci�ncia (o quadrante superior esquerdo), o indiv�duo possa n�o ser um membro, isto �, n�o esteja capacitado a participar (num sentido hol�nico) dos n�veis mais elevados da cultura e da organiza��o social de uma equipe (os quadrantes inferiores). Usando a linguagem da espiral do desenvolvimento, poder�amos dizer que um indiv�duo operando no n�vel de consci�ncia ou meme vermelho somente pode relacionar-se com (e portanto ser um membro) de organiza��es (h�lons sociais) at� o n�vel vermelho. Se for designado para uma equipe verde, ele n�o "pertencer�" a ela al�m do n�vel vermelho (que � um h�lon j�nior, inclu�do e transcendido pelo n�vel verde, que � seu s�nior). Num sentido estritamente hol�nico, ele n�o ser� um "membro" do h�lon s�cio-cultural verde, que se manifesta na dimens�o coletiva exterior como uma "equipe" na qual ele se integra no sentido administrativo.

Por outro lado, uma perspectiva que assegura que diferentes pessoas s�o transcendidas e inclu�das pelo grupo infere que todas as pessoas s�o h�lons igualmente desenvolvidos, todos pertencentes ao mesmo n�vel. Este � um outro s�rio erro. Identificar um corpo com um h�lon � esquecer tr�s dos quatro quadrantes � somente o quadrante individual exterior ou superior direito � considerado. H�lons de diferentes n�veis podem, aparentemente, ter exteriores similares. Por exemplo, uma pessoa operando no n�vel de consci�ncia conop [concreto-operacional] e uma pessoa operando no n�vel vis�o-l�gico n�o est�o no mesmo n�vel ou est�gio "hol�nico" de desenvolvimento; nesse respeito, elas n�o s�o iguais. Similarmente, uma pessoa operando no n�vel de moralidade pr�-convencional ou autocentrado n�o � igual a outra que opera num n�vel p�s-convencional ou globocentrado.

Um c�rebro humano (face do h�lon do quadrante superior direito) pode ser o exterior de um n�vel de moralidade pr�-convencional, convencional, p�s-convencional ou p�s-p�s convencional. Interiores diferentes implicam em h�lons diferentes, mas esses diferentes h�lons podem muito bem ter a mesma superf�cie exterior externa. Penso que as superf�cies exteriores internas s�o diferentes, porque acredito que haja algumas diferen�as sutis nos padr�es neuroniais de disparo que ocorrem no c�rebro de um ser humano ao longo de cada n�vel da linha de desenvolvimento moral; mas essas diferen�as est�o abaixo do limite de observa��o dos m�todos cient�ficos atuais � e certamente daqueles da intera��o normal e da linguagem. Assim, em termos pr�ticos, podemos dizer que "a mesma" estrutura (observ�vel) exterior (corpo, c�rebro) corresponde a "diferentes" interiores (consci�ncia, memes, n�veis, linhas, estados, etc.).

Por exemplo, um grupo "composto" dos "mesmos" seis indiv�duos pode evolver atrav�s de diferentes n�veis de profundidade � sendo cada um desses n�veis um h�lon social diferente que tem como membros diferentes h�lons individuais (embora seus nomes e cart�es de identidade sejam sempre os mesmos). Sob a perspectiva do "lado direito"[8], esses seis indiv�duos continuam sendo quem sempre foram ao longo do tempo; mas a realidade n�o � essa. Para ver como isso funciona, tracemos a evolu��o dos h�lons individuais e sociais no tempo.

Nossos seis sujeitos encontram-se pela primeira vez no jardim-de-inf�ncia, quando est�o com tr�s anos. Eles brincam e interagem de acordo com um n�vel cognitivo sens�rio-motor concreto, um ponto-de-vista moral pr�-convencional e um autoconceito de corpo/impulso. Seu grupo � a express�o coletiva de um certo modo de consci�ncia. Eles crescem juntos e chegam � escola secund�ria. Agora, cada um deles evoluiu para um n�vel cognitivo formop [formal-operacional], um n�vel moral convencional e um autoconceito racional-mental. Cada indiv�duo � agora um h�lon s�nior que transcende e inclui o h�lon j�nior (relativo) que eles foram no jardim-de-inf�ncia. Igualmente, seu grupo � agora estruturado em torno de diferentes pr�ticas culturais e significados intersubjetivos; provavelmente, eles tamb�m t�m sistemas normativos diferentes para suas intera��es. Assim, o grupo tamb�m evoluiu, tornando-se um h�lon s�nior que transcendeu e incluiu o h�lon j�nior que o grupo foi nos anos de jardim-de-inf�ncia. � vital entender que termos como "os mesmos" indiv�duos e "o mesmo" grupo s�o muito imprecisos para definir o que est� acontecendo.

Podemos ilustrar o problema continuando com nosso exemplo dos seis amigos de uma vida inteira criando agora um conjunto musical: "Sgt. Pepper's Friendly Hearts Club Band". Suponha que um deles, Joe, � acometido por uma doen�a mental que faz seu desenvolvimento cognitivo, moral e de autoconceito regredir para a idade de seis anos, nos est�gios iniciais do meme azul (associa��o m�tica). No entanto, sua sensibilidade musical e refinada habilidade sens�rio-motora o capacitam a tocar flauta com grande arte. Seus cinco amigos gostam imensamente dele (e tamb�m valorizam seu dom para a m�sica); por isso, continuam sua associa��o como um grupo de seis. Joe � um "membro oficial" da "Sgt. Pepper's Friendly Hearts Club Band". Ao chegar aos 21 anos, � comum v�-los juntos praticando, apresentando-se e, simplesmente, divertindo-se. Poder�amos afirmar que os seis indiv�duos "pertencem" ao grupo, ou que todos s�o "membros". Num certo sentido, isto � verdadeiro, mas em outro � falso.

Suponhamos que os cinco indiv�duos normais operam no n�vel laranja. Para esses cinco, o n�vel azul � um meme primitivo que permanece como um potencial de reserva. Se a situa��o o exigir, eles retornar�o para aquele modo de consci�ncia. Assim, um grupo laranja (h�lon coletivo) carrega na sua bagagem o modo de relacionamento azul � e todos os outros mais baixos: bege, roxo e vermelho. Ele inclui os modos de relacionamento e os princ�pios de organiza��o social.

Nesta mesma linha de racioc�nio, qualquer grupo humano possui todas as caracter�sticas pr�-humanas tais como preens�o, irritabilidade, percep��o, impulso, emo��o e s�mbolos. Isto deriva diretamente da natureza hol�rquica dos modos de consci�ncia intersubjetivos. E isto � congruente com a natureza hol�rquica dos outros tr�s quadrantes: estruturas materiais, estruturas sociais e intencionalidade individual. Assim, podemos dizer que um h�lon social no n�vel laranja transcende e inclui �tomos (que participam de trocas relacionais exteriores nos n�veis gal�ticos e de trocas relacionais interiores nos n�veis f�sicos), mol�culas (que participam de trocas relacionais exteriores nos n�veis planet�rios e de trocas relacionais interiores no n�vel plerom�tico), procariotes (que participam de trocas relacionais exteriores no n�vel de Gaia e de trocas relacionais interiores nos n�veis protopl�smicos) e assim por diante, at� chegar � estrutura-fun��o 2 (sf2) do sistema nervoso (que participa de trocas relacionais exteriores dentro de sistemas sociais laranjas e de trocas relacionais interiores dentro de uma cultura racional).

Se olharmos para as condi��es exteriores (quadrantes do lado direito), podemos dizer, pela l�gica, que o indiv�duo azul � um membro do grupo. E isto est� bem, desde que n�o percamos de vista o tipo de associa��o a que estamos nos referindo. Joe � um membro da banda no sentido f�sico, mas n�o � um membro completo no sentido hol�nico. A raz�o � que Joe n�o pode participar totalmente do n�vel laranja (nos quatro quadrantes). Metaforicamente, poder�amos afirmar que Joe � um r�dio de ondas longas, enquanto a banda transmite numa faixa larga que abrange tanto ondas longas quanto curtas. Os outros membros possuem o "equipamento" necess�rio para captar toda a gama de freq��ncias, mas Joe n�o. Ele s� consegue entrar em sintonia com as baixas freq��ncias, aquelas at� o n�vel azul. Podemos entender este ponto mais claramente pegando um exemplo extremo. Seguindo esta falha linha de racioc�nio, poder�amos dizer que os instrumentos da banda tamb�m s�o "membros", uma vez que "pertencem" � banda. Mas esta � uma afirma��o confusa. Os instrumentos s�o artefatos, n�o h�lons; assim, n�o podem ser membros. S�o "componentes" do artefato (o conjunto de instrumentos como um sistema artificial) que os inclui. � este artefato que � um elemento da banda � artefatos como elementos de h�lons sociais. Assim, se afirmarmos que "instrumentos s�o parte da banda", estaremos abrindo a porta para dram�ticos mal-entendidos. A banda, como um h�lon, � uma entidade completamente diferente dos artefatos da banda. Confundir esses dois significados pode terminar em propostas que visem "defender os direitos dos instrumentos de n�o serem despedidos (descartados) sem justa causa" ou "delegar poder aos instrumentos para participar das discuss�es da banda". Instrumentos s�o artefatos, uma vez que n�o possuem consci�ncia. Portanto, n�o podem ser membros; eles n�o t�m direitos ou voz pr�pria. Elev�-los ao n�vel humano por uma prestidigita��o ling��stica � um erro t�o crasso quanto reduzir seres humanos ao n�vel de artefatos.

Pela mesma raz�o, � um erro elevar-se h�lons mais baixos a escal�es mais altos da holarquia. Poder-se-ia perguntar: "Se os instrumentos s�o artefatos e n�o podem 'pertencer' porque s�o artefatos, o que dizer dos �tomos (h�lons) que formam materialmente os instrumentos? S�o eles 'membros' da banda?" A resposta � sim e n�o. S�o membros do n�vel mais baixo de troca relacional (o n�vel at�mico) que atua como um primitivo para a banda. Mas n�o s�o membros de todos os outros n�veis. Uma vez que "a banda" � um h�lon de n�vel mais alto, num sentido estrito dever-se-ia dizer que os �tomos n�o s�o membros. A implica��o decorrente (embora ofensiva � perspectiva igualit�ria radical do meme verde) � que Joe n�o pode ser um membro completo da banda (entendida como um h�lon social laranja).

Pode ser atribu�da intencionalidade ao grupo, mas � importante distinguir a intencionalidade coletiva da individual. Por exemplo, uma equipe de futebol, "deseja" vencer, "planeja" e "executa" uma jogada, e "� arrasada" quando leva uma goleada. H� um consenso de que isto � diferente e n�o pode ser reduzido ao que significa uma pessoa "desejar", "planejar", "executar" ou "ser arrasada". A caracter�stica cr�tica da intencionalidade do grupo � a sua n�o localiza��o numa simples unidade. A equipe "executa" a jogada quando cada indiv�duo "executa" o movimento apropriado que constitui a jogada, mas n�o existe tal "coisa" como a equipe possuindo vontade pr�pria. � uma entidade derivada. Todas as percep��es, emo��es, pensamentos e a��es ocorrem no interior dos membros individuais da equipe, o derradeiro fulcro da intencionalidade. N�o existe um "recipiente" maior para a evolu��o do que o ser humano individual. Como Wilber disse numa conversa: "at� onde sabemos, o corpo individual � a mais elevada superf�cie externa poss�vel de qualquer h�lon manifesto."

Na p�gina 91, Wilber apresenta um bom exemplo de um jogo tridimensional de damas que podemos adaptar para entender o exemplo da "Sgt. Pepper's Friendly Hearts Club Band". Com a permiss�o de Wilber, adaptei livremente o texto sem me preocupar em colocar aspas nas cita��es.

Imaginemos um tabuleiro de damas com quarenta pedras beges sobre ele. Suponhamos que cada uma delas representa um ser humano operando no meme (ou n�vel de consci�ncia) bege. A profundidade deste n�vel � um, a abrang�ncia, quarenta. Coloquemos um novo tabuleiro acima do primeiro, mas deixemo-lo vazio por enquanto. A profundidade desse novo n�vel � dois, a abrang�ncia, zero.

Na evolu��o, a �nica maneira de atingir o n�vel 2 � atrav�s do desenvolvimento do n�vel 1; de fato, todas as pedras (roxas) do n�vel 2 s�o compostas em parte de pe�as (bege) do n�vel 1 � s�o todas h�lons ou indiv�duos compostos. (Na terminologia que venho usando, as pedras roxas s�o seniores das pedras beges e as pedras beges s�o juniores das pedras roxas.) Representemos isto pegando uma pedra bege do n�vel 1, posicionando-a no n�vel 2 e depois colocando uma pedra roxa em cima dela. O novo "h�lon total" do n�vel 2 incorpora (transcende e inclui) seu predecessor (a pe�a bege). Se fiz�ssemos isso, digamos, tr�s vezes, os h�lons do n�vel 2 teriam uma profundidade de 2 e uma abrang�ncia de 3.

Agora, os h�lons individuais ou pedras do n�vel 1 (meme bege) dependem, para sua exist�ncia, de complicadas redes de interrelacionamento com todas as outras pedras beges do ambiente � isto �, dependem de redes de seus proprios h�lons sociais (a coevolu��o do micro e macro). Eles existem em complexas redes de troca relacional com h�lons do mesmo n�vel de organiza��o estrutural.

Mas a situa��o no n�vel 2 (o meme roxo) � muito mais complicada, porque o novo h�lon total (o h�lon composto bege-e-roxo) depende, para sua exist�ncia, de intrincados relacionamentos em ambos os n�veis. As pedras bege-e-roxas do n�vel 2 dependem em parte dos seus relacionamentos com outras pedras bege-e-roxas � isto �, dependem dos relacionamentos macros ou ecol�gicos com outros h�lons operando no mesmo n�vel de consci�ncia. Em outras palavras, o componente roxo depende de interrelacionamentos com o componente roxo de outros h�lons bege-e-roxos � depende de trocas relacionais tais como cerim�nias m�gicas ou ritos comunais de adora��o de ancestrais (que n�o s�o encontrados no n�vel bege e n�o podem ser sustentados por esse n�vel).

Entretanto, como as pedras bege-e-roxas possuem um componente bege, elas tamb�m dependem das complexas rela��es que sustentam os h�lons beges � isto �, dependem em tudo dos relacionamentos e processos m�tuos que constituem o n�vel 1. Portanto, h�lons do n�vel 2 dependem n�o s� dos novos h�lons sociais e dos relacionamentos roxos encontrados no n�vel 2, como tamb�m dos pr�vios relacionamentos e padr�es sustent�veis beges estabelecidos no n�vel 1 (mas n�o vice-versa: destrua o n�vel 1 e o n�vel 2 ser� destru�do; destrua o n�vel 2 e as pedras beges do n�vel 1 continuar�o existindo.)

"Assim, qualquer h�lon, ou indiv�duo composto, depende de toda uma s�rie de complicadas trocas relacionais com ambientes sociais do mesmo n�vel da organiza��o estrutural para cada n�vel do h�lon individual. Isto significa que um h�lon com profundidade tr�s, por exemplo, tem que existir num ambiente que tamb�m possua h�lons pelo menos com a mesma profundidade. Portanto, qualquer h�lon �, fundamentalmente, um indiv�duo composto com trocas relacionais de mesmo n�vel em todos os seus n�veis � um indiv�duo composto num ambiente composto trocando bege com bege, roxo com roxo, e assim por diante." Este � o significado de "comunh�o": cada h�lon em constante troca relacional com cada um dos outros h�lons em cada um dos seus n�veis.

� importante ressaltar que as pedras bege-e-roxas n�o est�o no n�vel bege. As �nicas coisas no n�vel bege s�o as pedras beges. As pedras bege-e-roxas est�o al�m do n�vel bege; elas n�o podem ser encontradas (ou reduzidas ao) no n�vel bege. Sua emerg�ncia � um exemplo de transcend�ncia criativa, do empuxo da evolu��o. Tamb�m � importante salientar que a situa��o � exatamente a contr�ria: as pedras bege-e-roxas cont�m tanto "begice" quanto "roxice". Esta � a raz�o por que uma pedra bege pode estar "dentro" do n�vel bege-e-roxo. Entretanto, o ponto cr�tico que desejo ressaltar aqui � que a pedra bege n�o pertence ao n�vel beige-e-roxo. Ela � envolvida por ele, mas n�o participa totalmente dele.

Por esta raz�o � que um indiv�duo azul pode ser absorvido por um grupo laranja, mas n�o pode participar totalmente dele. Ele engajar� em trocas relacionais at� seu n�vel de profundidade (uma vez que cada um dos indiv�duos compostos do n�vel laranja possui uma pedra azul "por baixo" na sua "pilha" de memes), mas h� um espa�o relacional que est� al�m do seu acesso. Intera��es do n�vel laranja "passar�o acima dele" do mesmo modo que as freq��ncias de ultra-som "passam acima" das capacidades ressonantes do aparelho auditivo humano e s�o, portanto, inaud�veis � inaud�veis para n�s, mas n�o necessariamente para c�es e morcegos.

Artefatos s�o entidades sem dimens�o interior. S�o coisas que s�o produzidas (instintiva ou propositalmente) por h�lons. Artefatos apresentam um padr�o identific�vel gravado ou impresso sobre eles e s�o projetados para servir a uma finalidade. Esta finalidade pode ser ativa, como no caso de uma "fornalha que produz calor", ou passiva, como no caso de uma "pintura que est� l� para ser vista". Entretanto, o que define a identidade do artefato � seu padr�o organizacional impresso nele pelo seu criador, pelo h�lon que o fez. Independentemente do objetivo projetado, o artefato pode ser usado para outros prop�sitos e continuar a ser o que �. Por exemplo, o que d� a uma panela sua identidade � seu padr�o. Mesmo se minha filha a usar como um chap�u (certamente este n�o � o objetivo pretendido pelo fabricante), ela continua sendo uma panela.

Montes s�o diferentes de artefatos porque n�o t�m um padr�o organizador definido. Mas � interessante notar que, atrav�s de um prop�sito consciente, um monte pode transformar-se num artefato. O filme "2001, Uma Odiss�ia no Espa�o", de Stanley Kubrick, come�a com uma batalha entre dois grupos de Neandertalenses. Num dado momento, um dos lutadores apanha um osso que estava no ch�o e o usa como uma arma para esmigalhar a cabe�a de seu oponente. Para celebrar a vit�ria, este proto-humano joga o osso para o alto. Numa po�tica metamorfose, Kubrick acompanha a trajet�ria ascendente do osso at� que ele atinge um c�u estrelado ... e transforma-se na espa�onave na qual o resto do filme se desenrola. Kubrick tra�ou a hist�ria de artefatos humanos. Do osso que se transforma numa arma at� os materiais brutos que se transformam numa espa�onave h� mil�nios de evolu��o, mas a arma e a espa�onave compartilham uma caracter�stica comum: ambas s�o artefatos nascidos do engenho humano.

Os seres humanos n�o s�o os �nicos h�lons que podem criar artefatos; qualquer h�lon cuja criatividade e intencionalidade n�o se aproxima de zero pode criar artefatos. Enzimas podem criar artefatos, juntando duas mol�culas para criar uma terceira. A c�lula cria mol�culas o tempo todo. De fato, a c�lula cria seus pr�prios componentes f�sicos; ela se recria por um processo chamado "autopoiese". Se olharmos para uma mitoc�ndria, o trifosfato de adenosina (TFA) produzido por ela � um artefato. Se mudarmos de n�vel para a c�lula, o TFA e outros artefatos da mitoc�ndria s�o considerados elementos constitutivos. Ao mesmo tempo, a c�lula produz algo (e.g, a b�lis no f�gado) como um artefato. Mas esta b�lis � um elemento constitutivo do organismo.

Um recife de coral (o recife propriamente dito, n�o o ecossistema), um formigueiro (os t�neis e barreiras f�sicas, n�o a organiza��o social das formigas), um ninho de passarinho e uma barragem de castor s�o artefatos, tanto quanto um edif�cio, um avi�o, um computador, uma escultura, uma pintura, um guarda-chuva ou uma mesa de cirurgia. Nos primatas, a consci�ncia torna-se reflexiva (n�o somente preens�o), assim ela pode criar artefatos por reflexo. � a� que Kubrick pega a hist�ria. Recifes de coral s�o artefatos, mas n�o s�o somente artefatos reflexivos, s�o conseq��ncia de interioridades e intencionalidades vivas. Na realidade, h� artefatos f�sicos, qu�micos, mec�nicos, eletr�nicos e mesmo biol�gicos (desde que tenham sido criados por uma intelig�ncia): cortadores de grama, cafeteiras, r�dios, televisores, baterias, bombas nucleares, apontadores a laser, purificadores de �gua, complexos vitam�nicos, vacinas, armas biol�gicas, drogas, etc.

Existem tamb�m artefatos conceituais (l�gicos ou mentais). Por exemplo, poemas, can��es, romances, pinturas, dan�as e outras express�es art�sticas s�o artefatos. Do mesmo modo que esportes (futebol) e jogos (p�quer). Experimentos cient�ficos e teorias tamb�m s�o artefatos conceituais: a teoria das supercordas � um exemplo, a teoria dos conjuntos � outro, a filosofia de Plat�o, mais outro. Podemos dizer ainda que a linguagem � um artefato que se tornou, ao longo do tempo, pe�a fundamental da a��o dos h�lons humanos.

Artefatos podem incluir coisas vivas. Por exemplo, um v�rus criado pela engenharia gen�tica ou uma planta��o geneticamente modificada s�o "h�bridos": parte h�lons, parte artefatos. A cria��o de h�bridos � um desenvolvimento fascinante, porque, pela primeira vez, a consci�ncia humana est� se tornando suficientemente autoconsciente para replicar sua a��o atrav�s da cria��o de outros h�lons. Do mesmo modo que podemos dizer que h�lons s�o artefatos da consci�ncia de Deus, podemos afirmar que h�bridos como a bact�ria que digere �leo s�o artefatos da consci�ncia humana � ou a consci�ncia de Deus agindo atrav�s de seu h�lon-artefato humano.

Todo sistema material (e.g., um edif�cio), sistema l�gico (programa de computador) ou sistema espiritual (mitologia ou teologia) n�o � um h�lon, mas sim um artefato, um produto de um h�lon particular. Isto exp�e o truque reducionista do "pensamento sist�mico" que introduz h�lons em redes de montes e artefatos (a grande teia da realidade) e os considera todos iguais. Mas eles n�o o s�o: uma pessoa � fundamentalmente diferente de um grupo, que � fundamentalmente diferente de um computador, que � fundamentalmente diferente de um pilha de pedras. Tamb�m exp�e os problemas do pensamento sist�mico tradicional que monta tais sistemas combinando h�lons e artefatos e assumindo que o todo (sistema) emerge de um modo que transcende e inclui as partes no interior da "consci�ncia sist�mica". Mas esta "emerg�ncia" somente ocorre para o caso de h�lons individuais, n�o para artefatos, nem para montes, nem para h�bridos e nem mesmo para h�lons sociais.

Por exemplo, formigas possuem consci�ncia subjetiva (interioridade individualizada), formigueiros, n�o, e nem col�nias de formigas (elas possuem interioridade intersubjetiva ou cultura); p�ssaros possuem consci�ncia, ninhos, n�o, e nem bandos; seres humanos possuem consci�ncia, ed�ficios, n�o, e nem sociedades. Isto � importante porque evita (ou pelo menos exige extremo cuidado antes) que se diga, por exemplo, que um caminh�o e o motorista s�o "pe�as" de um sistema de transporte que os transcende e inclui. O motorista de caminh�o � um membro do h�lon social humano, n�o um membro do conjunto de artefatos. O motorista de caminh�o n�o � uma engrenagem de um sistema mec�nico. O caminh�o � um componente do sistema artificial que se combina com o h�lon social para constituir o sistema de transporte. A fisicalidade do motorista de caminh�o � o ponto de encontro do h�lon humano com a fisicalidade do artefato. Mas eles n�o s�o a mesma coisa. A fisicalidade do motorista de caminh�o interage com a fisicalidade do caminh�o; h� uma superposi��o, mas n�o se pode trat�-las da mesma maneira porque elas n�o seguem as mesmas regras. O motorista de caminh�o tem interioridade, o caminh�o n�o. Se considerarmos o motorista de caminh�o como um componente de um sistema artificial, perderemos a dimens�o interior. O corpo f�sico n�o � um componente do sistema f�sico artificial. O corpo f�sico � um aspecto do h�lon, que � um elemento do sistema social.

� claro que h� rela��es hier�rquicas entre artefatos. Um bisturi � parte de um conjunto de instrumentos, que � parte de uma sala de cirurgia, que � parte de um hospital. Ou um "chip" � parte de um "wafer", que � parte de uma CPU, que � parte de um computador, que � parte de uma rede. Cada um desses elementos pode ser visto, simultaneamente, como um todo ou artefato em si mesmo (possuindo componentes) ou como uma parte ou componente de um todo ou artefato maior. Mas isto n�o os torna um H�lon, uma vez que, por defini��o, h�lons t�m uma dimens�o interior que falta aos artefatos. Uma vez que os artefatos s�o feitos de componentes organizados (organiza��o impressa pelo h�lon criador), tamb�m podemos cham�-los de "sistemas artificiais".

� poss�vel dizermos que os componentes de um sistema artificial s�o tamb�m sistemas. Portanto, podemos falar de hierarquias de artefatos. Pela mesma raz�o, podemos falar de uma forma de individualidade artef�tica e de uma forma de associa��o artef�tica: cada componente tem um impulso derivativo para preservar sua diferencia��o, cada componente tem um impulso derivativo para integrar-se, operar em troca relacional com outros, de modo a fazer com que o sistema funcione como um todo. O importante � lembrar que essas s�o formas putativas de individualidade e associa��o; n�o derivam de alguma tend�ncia consciente dos componentes, mas das inten��es do h�lon que criou o sistema. Esta � a raz�o porque a teoria sist�mica, � medida que considera artefatos e h�lons individuais como partes equivalentes de um sistema social, erra o alvo, denigre a import�ncia de um h�lon e exclui a consci�ncia do contexto.

Primeiro, os "respons�veis pelo sistema" consideram-se justificados ao fazer qualquer coisa "pelo bem de todos". Todo tirano totalit�rio invoca este privil�gio para violar os direitos mais fundamentais do indiv�duo. Toda forma de coer��o � baseada na equaliza��o de todas as entidades numa rede-da-vida plana. Sem profundidade (hol�nica), sem hierarquia, n�o h� como avaliar comparativamente uma mosca e uma baleia (qual das duas voc� salvaria?), uma rep�blica e uma ditadura. Assim, tudo escoa para a exterioridade hol�stica do reducionismo sutil. Embora esta tenha sido uma preocupa��o constante de Wilber (vide as partes finais de SES e de "A Brief History of Everything"), ele focalizou sua aten��o nesses perigos em seus �ltimos livros "A Theory of Everything" e "Boomeritis".

� poss�vel obter uma perspectiva mais rica sobre artefatos estudando-os num espa�o de seis dimens�es: horizontalmente, podemos olhar para seu exterior, para sua liga��o com o h�lon criador ou com o h�lon usu�rio e para seu interior (derivado); verticalmente, podemos considerar sua totalidade e suas partes. Entretanto, devemos proceder com cuidado, entendendo que essas seis dimens�es s�o diferentes dos quatro quadrantes do espa�o hol�nico. Assim, caminhando cuidadosamente, podemos olhar para os artefatos como (1) uma totalidade individual (composta de suas partes), analisando seu material, forma e fun��o; (2) como um componente ou uma parte de um todo maior, analisando seu ajuste, conex�es e papel; (3) como uma ferramenta objetiva, analisando o modo pelo qual h�lons individuais interagem com ele na dimens�o f�sica; (4) como um objeto social, analisando sua posi��o e influ�ncia no(s) arranjo(s) social (is) em que ele surge e existe; (5) como um produto (e influenciador) da intelig�ncia de um h�lon, analisando o(s) modo(s) de consci�ncia que pode criar, usar ou ser afetado(s) pelo artefato; (6) como um objeto cultural, analisando como o artefato influencia a(s) cultura(s) e padr�es de intera��o entre seus membros.

Artefatos t�m uma rela��o complicada com h�lons individuais e sociais. Por exemplo, um implante artificial (dentes, membros, seios) pode se tornar uma "parte" do corpo (dimens�o individual exterior) de um ser humano (h�lon). Como tal, ele tamb�m afeta as outras tr�s dimens�es (experi�ncia interior, intera��es sociais e pr�ticas culturais relativas a essas pessoas). No limite extremo, poder�amos especular sobre o que aconteceria se a consci�ncia pudesse ser transferida de uma base de carbono para uma base de sil�cio. Como seria a mudan�a do h�lon humano, ent�o?

Outro aspecto interessante dos artefatos � que seu usu�rio n�o precisa estar no mesmo n�vel do seu idealizador. Do mesmo modo que minha filha de tr�s anos (operando num n�vel de consci�ncia muito baixo) consegue brincar com o jogo "Franklin, a tartaruga" no computador (projetado por um engenheiro operando num n�vel cognitivo bastante elevado), Saddam Hussein (operando no meme vermelho[9]) pode lan�ar m�sseis de cruzeiro (projetados por pessoas operando no meme amarelo). O n�vel cognitivo necess�rio para criar um computador ou um m�ssil de cruzeiro ocorre num h�lon mais elevado do que aquele necess�rio para us�-lo. Isto cria um s�rio perigo, uma vers�o extrema daquela gerada pela exist�ncia de diferentes linhas de desenvolvimento na consci�ncia individual.

Pesquisas mostram que cientistas apresentam n�vel cognitivo muito mais elevado (p�s-convencional) do que desenvolvimento moral (pr�-convencional ou convencional). Isto � um problema porque eles podem usar suas habilidades para auferir ganhos pessoais (pr�-convencional) ou ganhos para o grupo (convencional) �s custas (abusivas) de outros indiv�duos ou grupos; por exemplo, criando armas imperialistas ou outros mecanismos de manipula��o. Mas mesmo que o cientista possua um senso moral altamente refinado, nada impede que outro indiv�duo (talvez operando no meme vermelho) use os artefatos do n�vel amarelo para fins vermelhos. Por exemplo, um membro de uma quadrilha pode usar uma arma sofisticada para "garantir o seu peda�o".

For�as econ�micas exacerbam o perigo de mau uso. Uma vez que menos profundidade traduz-se em mais abrang�ncia, facilidade de opera��o traduz-se num maior mercado potencial. Quanto menos o artefato exigir da capacidade cognitiva do usu�rio, mais usu�rios estar�o capacitados a utiliz�-lo. Isto pode ser excelente para aparelhos de v�deo, mas pode ser problem�tico para m�sseis at�micos ou armas biol�gicas. Embora muitos censurem os horrores da modernidade (guerras mundiais, campos de concentra��o, invas�o de privacidade, etc.) a maioria desses horrores � conseq��ncia da consci�ncia pr�-moderna buscando seus objetivos com a aplica��o da tecnologia moderna. Por exemplo, Hitler foi capaz de combinar imperialismo e supremacia racial vermelho-azuis com artefatos de guerra laranja-amarelos.

Em neg�cios, a dicotomia entre o n�vel de consci�ncia necess�rio para produzir o artefato, e o necess�rio para us�-lo, imp�e desafios para assegurar a qualidade na utiliza��o do produto. Al�m da necessidade de se ter um produto de qualidade e um indiv�duo capaz de us�-lo (quadrante superior direito), tamb�m � necess�rio assegurar-se que o indiv�duo opera no n�vel de consci�ncia "correto" (quadrante superior esquerdo). Por exemplo, n�o � suficiente que uma professora conhe�a o material e os m�todos pedag�gicos; ela tamb�m precisa ter acesso ao n�vel de consci�ncia dos alunos com os quais ir� compartilhar o material e a pedagogia.

Algumas pessoas afirmam que os artefatos (ferramentas) podem afetar a consci�ncia do usu�rio, impelindo seu desenvolvimento para n�veis mais elevados. Por exemplo, o uso de certas pr�ticas de medita��o podem ocasionar um salto evolutivo. Mas isto n�o � garantido. Algu�m que vivencia uma experi�ncia meditativa transcendental acessando o dom�nio ps�quico pode interpretar esta experi�ncia de acordo com seu meme atual, adaptando-a para refor��-lo. Por exemplo, uma pessoa no n�vel roxo pode acreditar que um esp�rito falou com ela, uma no n�vel vermelho pode crer que ele a escolheu para governar outras, uma no n�vel azul pode pensar que um anjo veio para provar a veracidade de suas cren�as, uma no n�vel laranja pode racionalizar a vis�o como sendo conseq��ncia de hiperventila��o, e assim por diante. Por outro lado, sob cuidadosa supervis�o, � poss�vel usar artefatos para incentivar as pessoas a atingir n�veis de consci�ncia mais elevados. Por exemplo, algumas ferramentas ling��sticas como a indaga��o, o di�logo e a negocia��o baseada em interesses comuns podem proporcionar aos caracteres laranjas um sabor da posi��o verde. Algumas outras t�cnicas como reclama��es justas, posi��es moralmente aceit�veis e resolu��es de conflitos de direitos de propriedade podem proporcionar aos verdes um gosto do amarelo.

Artefatos fazem parte de h�lons sociais. Eles atuam como meios de trocas relacionais que influenciam o desenvolvimento do h�lon. Por exemplo, um certo modo de consci�ncia criou o dinheiro como um meio econ�mico de troca, mas, a partir da�, o dinheiro afetou profundamente o car�ter da sociedade que o criou de maneiras que ningu�m poderia prever. O surgimento de uma economia monet�ria teve implica��es profundas para a sociedade. O mesmo fen�meno aconteceu com o computador e a Internet. Os inventores desses artefatos n�o poderiam prever que eles se tornariam o ve�culo atrav�s dos quais novas intera��es ocorrem e remodelam a consci�ncia, a cultura e as formas de organiza��o de um h�lon. Talvez o primeiro artefato com poder transformador seja a pr�pria linguagem. A linguagem � a articuladora de um modo de consci�ncia e, atrav�s dos seus filtros, os membros de uma cultura aprendem a vivenciar a realidade por caminhos subjetivos e intersubjetivos particulares.

Wilber acredita que h�lons sociais s�o uma mistura de h�lons individuais e artefatos. Um dos pilares de todas as intera��es sociais � a linguagem. Todos os significantes da comunica��o (palavras, signos, etc.) s�o artefatos. A comunica��o ling��stica pode ser entendida como um processo atrav�s do qual h�lons individuais compartilham artefatos que permitem a troca relacional e o surgimento da intersubjetividade. Uma parte importante da intencionalidade coletiva entra em cena pela a��o de h�lons individuais mediados por artefatos ling��sticos. Dois computadores n�o podem desenvolver intersubjetividade porque n�o conseguem trocar inten��es, somente significantes sem significados (computadores n�o possuem intencionalidade associativa). Por outro lado, uma empresa � composta de h�lons que compartilham um espa�o intencional social (sem�ntica), em parte atrav�s de artefatos (sintaxe)[10]. (H� tamb�m a pura copresen�a n�o intermediada de sujeitos imersos na presen�a total do Esp�rito, ou falando de outra maneira, na presen�a sempre presente da Presen�a.)

Mas a sintaxe compartilhada n�o define o h�lon (ou o n�vel de consci�ncia operante). O mesmo sistema gramatical pode funcionar em diferentes memes. A �nica maneira de podermos entender o significado � estarmos no n�vel particular de desenvolvimento que consegue experienciar o referente (na nossa consci�ncia). De outro modo, o significante n�o tem referente. Por exemplo, minha filha de um ano (que opera no n�vel sens�rio-motor) v� o cachorro, mas n�o consegue entender o nome dele, "Laila", e muito menos o nome da classe, "cachorro". Simplesmente, ela n�o tem o equipamento para fazer isso � mesmo que consiga "ouvir" os sons "Laila" e "cachorro" no n�vel sens�rio-motor. Meu filho de seis anos consegue entender o que � um "cachorro", mas n�o faz a menor id�ia do que sejam "n�meros imagin�rios como a raiz quadrada de menos um ou n�meros irracionais como pi ou e" quando tento explicar-lhes esses conceitos. Talvez, daqui a uns sete ou oito anos, ap�s absorver os conhecimentos matem�ticos necess�rios, seja capaz de "captar" o sentido desses termos matem�ticos, mas agora ele n�o tem nenhuma pista. Usando a mesma linha de racioc�nio, tentar discutir "samadhi" com algu�m que n�o tenha o referente na sua consci�ncia � imposs�vel � � o mesmo que tentar descrever a experi�ncia do ato sexual para uma crian�a de cinco anos ou o sabor de um sorvete de chocolate para um selvagem kalahari.

Em SES (pg. 272), Wilber desenvolve essas id�ias. Esses par�grafos cruciais, que demonstram as conex�es �ntimas entre artefatos (linguagem) e h�lons (seres humanos), merecem uma cita��o completa: "...Todos os signos existem num continuum de referentes desenvolvidos e significados desenvolvidos. O referente de um signo n�o se encontra simplesmente flutuando "no" mundo � espera de algu�m que olhe para ele; o referente existe somente num espa�o-de-mundo que s� se revela no processo de desenvolvimento, e o significado existe somente na percep��o interior daqueles que se desenvolveram naquele espa�o-de-mundo (o qual estrutura o sentido interpretativo subjacente que permite a emers�o do significado). Nenhum conjunto de experi�ncias a ser realizado pela crian�a conop[11] conseguir� esclarecer-lhe o sentido de "como se fosse um cachorro" porque este sentido n�o existe em nenhum lugar do espa�o-de-mundo conop; somente existe no espa�o-de-mundo formop, e este � um referente que exige um significado desenvolvido para que possa ser percebido pela primeira vez."

"Explicando um conceito de cada vez: os significantes dos signos s�o sempre e somente f�sicos [s�o artefatos], s�o sempre componentes materiais [partes da artefatarquia da linguagem] nos quais n�o reside nenhum sentido (posi��o de Saussure); e porque os significantes s�o sempre f�sicos, at� meu c�o pode v�-los (e, obviamente, n�o encontrar nenhum sentido para eles; ou melhor, v�-los do n�vel sens�rio-motor como algo para comer, talvez). Isto porque o referente real de um signo existe somente num espa�o-de-mundo (sens�rio-motor, m�gico, m�tico, mental, etc.) que, em si mesmo, � descoberto somente num particular n�vel de profundidade (preop, conop, formop, etc.). E, da mesma maneira, o correspondente significado do signo existe somente na percep��o interior daqueles que desenvolveram a profundidade exigida (num contexto de pr�ticas culturais e sociais ou numa comunidade intersubjetiva da mesma profundidade)." (Grifos no original.) (Vide tamb�m a nota 14 na pg. 599 de SES e a nota 12 do cap�tulo sobre Arte e Semi�tica Integrais na pg. 313 de The Eye of Spirit.)

Para Wilber, os referentes existem num espa�o-de-mundo cultural. Deve-se participar de uma cultura apropriada a fim de desenvolver as compet�ncias necess�rias para compreender � experienciar o referente no seu n�vel apropriado de valor. E participar de uma cultura � muito mais do que simplesmente estar fisicamente no meio do povo que vive naquela cultura. Para "estar" na cultura (holisticamente), � necess�rio operar consciente e objetivamente no n�vel apropriado de troca relacional. Isto � fundamental para usar os artefatos ling��sticos, uma vez que suas refer�ncias existem no espa�o-de-mundo cultural (quadrante inferior esquerdo) que s� se pode habitar quando se atinge o n�vel apropriado de desenvolvimento individual interior e exterior.

Assim duas condi��es devem ser satisfeitas para que a comunica��o tenha sentido: o indiv�duo deve "pertencer" � cultura e a cultura deve ter referentes. Por exemplo, independentemente do n�vel de desenvolvimento mental do meu filho, ele nunca aprenderia n�meros imagin�rios se tivesse nascido em 2000 A.C. A cultura daquela �poca n�o podia proporcionar a seus membros o espa�o referencial onde surgem os n�meros imagin�rios. Traduzindo este insight para um exemplo de neg�cios, podemos ver a cultura de uma empresa como um meio no qual certas experi�ncias podem ocorrer e outras n�o. Esta cultura ser� fortemente influenciada pelos artefatos que ela gera e que a geram; por exemplo, os edif�cios, os processos administrativos, o sistema de contabilidade, os sistemas de m�quinas e de produ��o, a tecnologia de informa��o, etc.

Montes s�o pilhas (que podem ser compostas de outros montes, de h�lons ou de artefatos) que n�o t�m dimens�o interior e nem projeto consciente, prop�sito ou padr�o reconhec�vel. Por exemplo, uma duna (pilha de areia) � um monte, uma pedra � um monte, uma montanha de lixo � um monte, uma pilha de folhas mortas � um monte, uma po�a d'�gua � um monte, etc. Cada gr�o de areia pode ser um h�lon (�tomos, mol�culas, cristais), mas a acumula��o deles n�o �. Cada cristal � um h�lon, mas o conjunto deles que forma a pedra n�o �. Pela mesma raz�o, uma pilha de pedras � um monte, n�o um h�lon. Cada pe�a de lixo pode ser um artefato, mas jogando-as todas fora n�o produz um artefato "maior", produz um monte. Cada folha morta � um monte (composto por c�lulas mortas formadas por mol�culas). E poder�amos olhar para o conjunto de sociedades que viviam na Terra em 10.000 A.C. e concluir que formavam um monte, uma vez que tais sociedades n�o se relacionavam entre si. Colocando-as na mesma categoria n�o transforma essa categoria num h�lon (embora, num certo sentido, a categoria "contenha" todos os seus membros). Entretanto, precisamos compreender que quando essas sociedades entraram em contrato e seus modos de consci�ncia interpenetraram-se (atrav�s da guerra ou do com�rcio), um novo h�lon surgiu; um h�lon com sua natureza qu�drupla: pr�ticas culturais, sistemas sociais, modos de consci�ncia individual e comportamentos superficiais (e artefatos).

Uma vez que montes podem ser compostos por h�lons � e desde que h�lons t�m interioridade � � f�cil cometer o erro de atribuir-lhes consci�ncia (ou interioridade). Por exemplo, �tomos t�m preens�o; assim, � poss�vel dizer que "os �tomos de uma pedra t�m consci�ncia (ou preens�o)". Mas seria incorreto da� inferir que "a pedra tem consci�ncia" � Wilber chama esta fal�cia de "panpsiquismo popular". A chave para entender um monte � ver que n�o h� troca relacional entre seus componentes (al�m do n�vel f�sico b�sico de empilharem-se uns sobre os outros): uma pilha de toras (�rvores mortas) � um monte, mas um grupo de �rvores vivas � um h�lon social (floresta). A diferen�a est� no fato de que h� um n�vel de intera��o entre as �rvores vivas que transcende a mera intera��o de seus �tomos (que, certamente, tamb�m interagem no monte). Uma vez que �tomos s�o h�lons, h� uma dimens�o social exterior a eles: o mundo material; mas isto n�o � suficiente para dizer-se que um monte � um h�lon coletivo.

Podemos encontrar uma rela��o de sucessivas inclus�es em montes. Por exemplo, cristais podem ser vistos como totalidades e, ao mesmo tempo, como partes de rochas. Rochas podem ser vistas como totalidades e, ao mesmo tempo, como partes de montanhas, e assim por diante. Esta inclus�o n�o � "hol�nica" mas "m�ntica", e o que foi criado � uma hierarquia de montes ou "montarquia" � o que � completamente diferente de uma holarquia. Um monte pode tornar-se parte de um artefato; ent�o, ele deixa de ser um monte e transforma-se num componente. Imagine uma ampulheta, onde o monte de areia � um componente do artefato. Neste caso, o monte transformou-se num artefato (componente). Similarmente, uma pilha de alface � um monte, mas pode transformar-se num componente de uma "Caesar Salad" cuidadosamente preparada � um artefato culin�rio.

A caracter�stica definidora de um monte � que ele n�o tem nem interioridade (quando seria um h�lon) nem padr�o conscientemente impresso nele por um h�lon (quando seria um artefato). Ele pode conter h�lons que t�m interioridade mas o monte, em si, n�o cont�m. Entretanto, isto n�o significa que um monte n�o possa transformar-se em parte de um h�lon. Uma montanha de lixo, por exemplo, � parte de um h�lon social, do mesmo modo que um edif�cio. Embora a montanha de lixo n�o tenha sido criada "consciente e propositalmente", ela �, com certeza, o produto de um certo modo de consci�ncia � como os arqueologistas bem sabem. Por exemplo, um meme verde com cogni��o formal-operacional produzir� quantidade e qualidade de lixo diferentes de um meme vermelho no n�vel de cogni��o concreto-operacional.

Uma abordagem s�xtupla para montes, similar a apresentada acima para artefatos, pode produzir insights frut�feros. Mas � crucial entender que esses aspectos s�o totalmente diferentes dos quatro quadrantes dos h�lons.

Aplica��o Organizacional

Suponhamos, como ilustrado na figura 4, que exista um indiv�duo operando de acordo com o meme vermelho, sendo um membro de uma equipe que opera no meme laranja, que faz parte de uma empresa com lideran�a amarela. Podemos dizer que o indiv�duo est� "imerso" numa equipe que est� "imersa" numa empresa. Mas isto � uma pequena parte da hist�ria. Seria extremamente reducionista focalizar somente este aspecto de imers�o (f�sica ou administrativa). Se olharmos para o aspecto da "compreens�o consciente", da "participa��o significativa" e da "organiza��o hol�nica", a figura que emerge � muito diferente.

Como no exemplo do jogo de damas, os h�lons individuais est�o interagindo em cada e em todos os n�veis de sua capacidade, e eles o fazem de acordo com as regras e significados que modelam os h�lons sociais correspondentes. Por exemplo, todos os indiv�duos est�o interagindo entre si no n�vel bege (na realidade, todos os �tomos, mol�culas, c�lulas, �rg�os, etc., est�o interagindo neste n�vel, mas deixemos isto lado). Suas intera��es ocorrem de acordo com algum modo de troca relacional que chamamos de um h�lon social (bege). Assim, cada ind�viduo na empresa � um membro do h�lon social bege (do mesmo modo que Fido, o mascote da empresa). Quando subimos para o n�vel vermelho, Fido sai de cena. Ele n�o � um "membro" deste conjunto de trocas relacionais, porque n�o pode entender conscientemente este n�vel. Mas todos os outros indiv�duos s�o participantes at� o n�vel vermelho (estamos supondo que n�o haja indiv�duos no n�vel roxo). Quando subimos mais um n�vel, vemos que h� alguns indiv�duos que podem se relacionar no n�vel azul, de tal modo que todos eles participar�o dos h�lons sociais azuis que se desdobram do desenvolvimento hol�rquico da equipe e dos h�lons sociais da empresa. Entretanto, aqueles no n�vel vermelho n�o far�o parte (no sentido hol�nico) dos h�lons sociais azuis, embora ainda perten�am (no sentido f�sico e administrativo) � equipe � empresa.

� medida que continuamos a trilhar o caminho evolutivo, vemos que mais e mais indiv�duos deixam de participar das trocas relacionais � como Wilber diz, "mais profundidade, menos abrang�ncia". De fato, a equipe em quest�o (que opera no n�vel laranja) pode ser somente um membro parcial do h�lon social que � a empresa. A equipe s� pode "participar" da cultura da empresa at� o n�vel laranja (assim como o c�o s� "participa" at� o n�vel bege). Isto significa que a lideran�a da empresa n�o ser� capaz de reportar-se � equipe acima do n�vel laranja, simplesmente porque n�o existe um espa�o-de-mundo desenvolvido em comum visando a trocas que sejam significativas. O grupo simplesmente n�o est� equipado com o hardware e o software necess�rios a transmiss�o e recep��o nas freq��ncias verde e amarela. � poss�vel que exista um indiv�duo do n�vel amarelo na equipe laranja; neste caso, o indiv�duo poder� captar as mensagens amarelas dos l�deres da corpora��o, mas ele o far� somente como um indiv�duo, n�o como um "membro" da equipe laranja.

O entendimento dessas situa��es � fundamental para o estudo de lideran�a; particularmente para a lideran�a integral que tenta criar uma empresa "saud�vel". Parte da defini��o desta sa�de integral � a evolu��o (Eros) na dire��o de n�veis mais elevados para cada indiv�duo, em cada grupo, em cada n�vel da espiral. A fim de conseguir isto, o l�der necessita ter este "excedente" ou consci�ncia "extra" e o impulso de �gape (descer ao n�vel e abra�ar) que possa acionar o impulso de Eros (subir de n�vel e transcender) que existe potencialmente em todo h�lon. Mas o l�der precisa compreender que os h�lons mais baixos ainda n�o podem ser membros dos escal�es superiores do h�lon social, em que ele ou ela se relaciona com outros que compartilham seu n�vel de consci�ncia.

Em certas situa��es, ser "democr�tico" ou "igualit�rio" � antidesenvolvimentista. Numa hierarquia, h� um sentido bem claro do que � acima (mais desenvolvido) e abaixo (menos desenvolvido). Como mencionamos anteriormente, a maioria dos cidad�os norte-americanos em 1770 n�o teria afirmado que "todos os homens (inclusive os negros) s�o criados iguais e dotados pelo seu Criador de direitos inalien�veis como a vida, a liberdade e a busca da felicidade". Esta afirma��o globoc�ntrica ia muito al�m do n�vel de consci�ncia convencional e etnoc�ntrico dominante na popula��o de ent�o. O voto da maioria nunca � garantia de sabedoria; da� por que os fundadores da na��o moldaram nossa democracia representativa com os limites de uma rep�blica, onde decis�es coletivas n�o podem ferir os direitos individuais.

Organiza��es como Artefatos

Uma organiza��o n�o � simplesmente um artefato f�sico; � tamb�m um artefato conceitual (legal, financeiro, etc.). Sob esta perspectiva, faz sentido entender a evolu��o hier�rquica desses artefatos em conson�ncia com a evolu��o hier�rquica dos h�lons que os concebem. Commons and Richards tra�am o desenvolvimento cognitivo do indiv�duo: da capacidade de compreender entidades para a capacidade de compreender sistemas de entidades interrelacionadas, para a capacidade de compreender sistemas de sistemas interrelacionados (de entidades interrelacionadas), para a capacidade de compreender sistemas de sistemas interrelacionados de sistemas interrelacionados (de entidades interrelacionadas). Nesta mesma linha, podemos tra�ar o desenvolvimento de formas organizacionais.

No in�cio h� um �nico indiv�duo tentando cumprir uma tarefa; pode ser ca�ar uma zebra ou montar uma loja eletr�nica de selos raros. � medida que o indiv�duo evolui (na sua consci�ncia e na sua vis�o da meta a atingir), ele pode procurar a ajuda de outros e criar um grupo de pessoas associadas em busca do objetivo comum. Esta � a transi��o do individual para a equipe. Ainda mais, esta equipe pode ser organizada conforme uma divis�o de trabalho. Cada membro especializa-se num aspecto do neg�cio, enquanto a equipe possui alguns mecanismos para integrar e colimar os esfor�os individuais rumo ao objetivo comum. Por exemplo, Harry encarrega-se da log�stica, Mary, da contabilidade, Georgina, das rela��es com os clientes, e assim por diante.

Se o neg�cio continua a crescer, os indiv�duos que desempenham as fun��es podem n�o ser capazes de suportar suas (sub)tarefas. Eles precisar�o contratar outras pessoas para trabalhar com eles na fun��o. Assim, agora Harry criar� uma equipe para tomar conta da log�stica, Mary ter� uma equipe de contadores, Georgina ter� uma equipe de representantes, etc. Cada uma dessas equipes cria uma nova diferencia��o que requerer� uma nova integra��o. A maneira �bvia disto acontecer � atrav�s de uma hierarquia. Harry � o gerente de log�stica e sua equipe reporta-se a ele, Mary � a gerente de contabilidade, e assim por diante. Ao mesmo tempo, o mecanismo de integra��o entre os gerentes precisa estar sintonizado para enfrentar as for�as centr�petas que tender�o a centr�-los excessivamente em suas tarefas individuais � talvez subordinando o objetivo da empresa.

Os pr�ximos passos acontecer�o na mesma seq��ncia de diferencia��o e integra��o. A equipe de Harry poder� distinguir entre estocagem e transporte, talvez criando dois supervisores para cuidar das diferentes fun��es, cada um deles com uma equipe de funcion�rios reportando-se a eles. A equipe de Mary poder� distinguir entre prepara��o de balan�os e contabilidade fiscal, talvez criando supervisores... Novamente, � cr�tico para cada conex�o equilibrar as novas diferencia��es com as novas integra��es. De outro modo, a empresa ir� se desfazer. A necessidade de integra��o hier�rquica deriva-se diretamente de um dos mais b�sicos princ�pios de sistemas: a fim de otimizar um sistema precisamos subotimizar os subsistemas; se tentarmos otimizar qualquer subsistema (ou todos eles de per se), terminaremos por subotimizar o sistema.

Tomemos como exemplo um carro. Uma das caracter�sticas desej�veis � o baixo consumo de combust�vel; assim; as empresas de autom�veis possuem equipes de engenharia cuja miss�o � diminuir o consumo de combust�vel. Outra caracter�stica desej�vel � o baixo n�vel de ru�do e vibra��o; assim; as empresas de autom�veis possuem equipes de engenharia cuja miss�o � reduzir o ru�do e a vibra��o do carro. O problema � que um carro pesado (grande quantidade de a�o) � um carro silencioso com um rodar suave, mas um carro que apresenta um alto consumo de combust�vel. Por outro lado, um carro leve possui baixo consumo de combust�vel, mas tender� a ser barulhento e duro. H� milh�es de solu��es de compromisso como esta em qualquer situa��o. Se n�o houver mecanismos de integra��o, os subsistemas terminar�o por tomar decis�es que subotimizar�o o sistema. Esta � a raz�o por que � t�o importante, em todos os momentos, visualizarmos com clareza o objetivo comum, a vis�o que faz com que a empresa seja uma empresa. (E, obviamente, ajustar a avalia��o de desempenho e os sistemas de incentivo para este objetivo).

Este foco no objetivo comum exige um alto n�vel de desenvolvimento cognitivo. Nos est�gios pr�-convencionais e nos primeiros est�gios convencionais de consci�ncia, h� um apego narc�sico e um entendimento do que est� mais perto: meus objetivos e interesses, minha atividade, minha equipe, minha identidade. Ser� imposs�vel para a empresa operar com efici�ncia m�xima sem se desenvolver al�m desses n�veis. As partes v�o se auto-otimizar e a totalidade ir� "para o buraco". Este � um requisito fundamental de uma organiza��o integral, mas sua investiga��o foge ao escopo deste trabalho. Aqui, estou apenas tentando apresentar um exemplo e sugerir algumas id�ias pol�micas; adiarei a discuss�o deste t�pico para outro ensaio. (Vide, proximamente, "Integral Business".)

O ponto que desejo ressaltar � que podemos montar uma "artefatarquia" indo da equipe para a fun��o, para a empresa, para o conglomerado, para a ind�stria, para o mundo. � necess�rio somente lembrarmo-nos de que essas coisas n�o s�o h�lons, mas artefatos. E que a inclus�o n�o � hol�nica, mas artef�tica.

Sa�de Integral Se o modelo integral for o mapa do territ�rio, o conceito de sa�de � o "norte" desse mapa. Sa�de integral � a meta que deve motivar o esfor�o do l�der integral. Podemos definir esta sa�de em tr�s n�veis: (1) Horizontal, (2), Vertical e (3) Essencial. A sa�de horizontal � o equil�brio e a harmonia dos quatro quadrantes em cada n�vel de cada linha de desenvolvimento. Por exemplo, um h�lon azul pode estar equilibrado nas dimens�es Eu, N�s e Eles[12]; do mesmo modo, um h�lon laranja, um verde, ou qualquer outro.

A sa�de vertical � a capacidade de cada h�lon de desidentificar-se de suas liga��es correntes (afrouxando as estruturas identificat�rias), diferenciar, transcender (evoluir para o n�vel seguinte) e integrar as antigas estruturas num abra�o unificador. Isto significa que cada indiv�duo, cada grupo e a empresa como um todo est�o empenhados num caminho evolutivo. (E num certo n�vel p�s-p�s-convencional, talvez coral[13], a empresa passe a preocupar-se com a sa�de integral de seus clientes, fornecedores, comunidades, etc. Isto desaguaria numa corpora��o "bodhisattvica"[14].) Este � o equil�brio de Eros e �gape, a constante diferencia��o e integra��o, ambas negando e preservando cada um e todos os n�veis da espiral em sua evolu��o.

A sa�de essencial (ou sa�de n�o-dual) � o equil�brio entre o impulso evolucion�rio para melhorar e a compreens�o de que tudo est� bem como est�. Como disse Nisagaratta Maharaj[15], tudo � perfeito exatamente como �...e h� muito espa�o para melhorias. A sa�de essencial � a capacidade de captar simultaneamente a presen�a do Divino como a madeira imanente que existe em cada degrau da escada e o Divino que � o n�vel supremo (transcendente) acima do �ltimo degrau da escada.

Resumo

Se o padr�o de organiza��o for gerado de dentro, � um h�lon; se for gerado de fora (por um h�lon), � um artefato; se n�o h� padr�o, � um monte. Se for um indiv�duo (composto), � um h�lon micro ou individual. Se for uma rede de intera��es organizada por pr�ticas culturais e sistemas sociais, � um h�lon macro ou social. H�lons emergem, transcendendo e incluindo seus primitivos no processo evolutivo. Artefatos s�o criados por h�lons que organizam seus componentes (outros artefatos ou h�lons juniores) com prop�sitos espec�ficos. Montes aparecem por acumula��o de coisas (algumas vezes geradas por artefatos ou h�lons).

Quando confundimos essas entidades, surgem todos os tipos de problemas. Eles s�o problema "insol�veis" porque n�o s�o reais; existem apenas na confus�o mental de quem fala. Esses problemas somente s�o "dissol�veis" atrav�s de uma interpreta��o mais correta. O "Integral Institute" vem tentando forjar tais interpreta��es em diversas �reas como: psicologia, educa��o, ecologia, justi�a criminal, neg�cios e arte.




  1. Wilber reapresenta esta palavra em seu livro Sex, Ecology, Spirituality com a seguinte observa��o: "Os Pitag�ricos introduziram a palavra Kosmos que, normalmente, traduzimos como 'cosmos'. Mas o significado original de Kosmos era a natureza de padr�es ou de processos de todos os dom�nios da exist�ncia, da mat�ria para a matem�tica para o divino, e n�o simplesmente o universo f�sico, que � o significado usual das palavras 'cosmos' e 'universo' hoje... O Kosmos cont�m o cosmos (ou fisiosfera), bio (ou biosfera), noo (ou noosfera) e teo (teosfera ou dom�nio divino)�" (N. T.)
  2. No original, "flatland". Wilber cunhou este termo para ressaltar a tend�ncia do paradigma cartesiano-mecanicista de somente considerar os aspectos exteriores � individual (comportamental) e coletivo (social) � da realidade, n�o considerando, e muitas vezes at� negando, seus aspectos interiores � individual (intencional) e coletivo (cultural). (N.T.)
  3. Em SES, Wilber apresenta o conceito dos quatro quadrantes: cada h�lon apresenta, concomitantemente, quatro facetas que correspondem aos seus respectivos n�veis em cada quadrante. Os quadrantes do lado direito correspondem ao exterior do h�lon e os do lado esquerdo ao interior; os quadrantes superiores correspondem ao aspecto individual do h�lon e os inferiores ao aspecto coletivo. Desse modo, os quatro quadrantes s�o: (1) superior direito (individual exterior � comportamental); (2) superior esquerdo (individual interior � intencional); (3) inferior direito (coletivo exterior � social); (4) inferior esquerdo (coletivo interior � cultural). Assim, uma vis�o integral dever� englobar "todos os quadrantes-todos os n�veis" (TQTN). (N.T.)
  4. O termo "meme" foi apresentado pela primeira vez por Richard Dawkins. Ele e outros o usaram para descrever uma unidade de informa��o cultural tal como uma ideologia pol�tica, uma tend�ncia da moda, um uso da linguagem, formas musicais, ou mesmo estilos arquitet�nicos. Assim, o que genes bioqu�micos representam para o DNA, memes representam para o nosso "DNA" psicocultural. O conceito de meme foi, posteriormente, expandido por Don Beck e Chris Cowan em seu livro "Spiral Dynamics" com a introdu��o de cores para designar cada meme, a saber: bege (arcaico), roxo (m�gico), vermelho (m�gico-m�tico), azul (m�tico), laranja (racional), verde (sens�vel), amarelo (integrativo) e turquesa (hol�stico). (N.T.)
  5. No conceito dos quatro quadrantes de Wilber, o lado direito corresponde aos aspectos exteriores da realidade (individual e coletivo) e o lado esquerdo, aos aspectos interiores (individual e coletivo). Vide Nota 3. (N.T.)
  6. De acordo com Beck e Cowan em seu livro "Spiral Dynamics", o que caracteriza a consci�ncia de segunda-camada � sua diretriz fundamental � a sa�de de todos os n�veis da espiral e n�o o tratamento preferencial para algum n�vel espec�fico � diferentemente da consci�ncia de primeira-camada onde cada n�vel acha que � o �nico verdadeiro, que os n�veis inferiores devem ser combatidos e que seus seguidores devem ser convencidos das "verdades" superiores (proselitismo). (N.T.)
  7. Vide Nota 3. (N.T.)
  8. Vide Nota 5. (N.T.)
  9. Vide Nota 4 (N.T.)
  10. Resumindo conceitos da Semi�tica, da qual a Ling��stica � uma parte: (1) Significante � s�mbolo (palavra no caso da Ling��stica) escrito ou falado; (2) Referente � aquilo que o significante simboliza; (3) Significado � o sentido interior do significante; (4) Sintaxe � as regras formais para relacionar os significantes; (5) Sem�ntica � altera��es sofridas pelos significantes no tempo e no espa�o por raz�es culturais. (N.T.)
  11. N�veis de consci�ncia no desenvolvimento infantil, segundo Piaget: (1) preop � pr�-operacional; (2) conop � concreto-operacional; (3) formop � formal-operacional. (N.T.)
  12. Outra maneira apresentada por Wilber para visualizar os quatro quadrantes e que ele denominou "Os Tr�s Grandes". "Eu" corresponde ao quadrante intencional (superior direito); "N�s" corresponde ao quadrante cultural (inferior direito); "Eles" corresponde aos quadrantes direitos (comportamental e social). (N.T.)
  13. Primeiro meme transpessoal da espiral evolutiva. (N.T.)
  14. No Budismo Mahayana, um bodhisattva � um ser que j� atingiu a ilumina��o atrav�s da pr�tica sistem�tica das virtudes perfeitas (as paramitas) mas que renuncia completamente a entrar no Nirvana at� que todos os seres sejam salvos. (N.T.)
  15. Mestre espiritual hindu (1897 � 1981). (N.T.)
Tradu��o de Ari Raynsford